segunda-feira, 23 de julho de 2007

Foram mais de 10 minutos de aplausos... Era algo impressionante... E a cada vez que os atores voltavam à cena os aplausos eram mais fortes... O teatro estava completamente lotado... As pessoas eram de varias idades... Bom, não sei nem por onde começar. Normalmente quando escrevo um artigo para ser publicado é com a cabeça, a razão que escrevo, mas hoje vou permitir que o coração fale, pois ele esta transbordando de emoção e seria injusto de minha parte reprimir tal sentimento. A emoção começou quando cheguei no teatro...Um lugar completamente lindo e cheio de HISTORIA, pois a cada passo que dávamos - eu e a Fernanda - encontrávamos uma imagem de Voltaire, Racinee Molière... Imagina os estudei durante um tempão na universidade... Era algo mágico e ao mesmo tempo real! A comédie française foi inaugurada em 1860 e desde la vem funcionando com espetáculos de alta qualidade e fazendo reverência ao gerador de tudo isso; Molière. Logo no primeiro minuto de espetáculo veio também a primeira lagrima. Argon dando aquele "Bifão" com tanta propriedade e com tanta naturalidade (lembra Juan, você morria de medo dessa cena?)... Não se preocupe Juan que o que você fez é tão bom quanto, pois você tem o tempo certo da cena e ele tem a idade certa do personagem, mas você tem o talento certo para desenvolver tal personagem! As lagrimas voltavam quando percebia que nossa tão singela montagem, em alguns aspectos, era tão boa quanto, ou melhor, do que a deles. A maior diferença esta no dinheiro que eles tiveram para montar e a gente não. Se tivéssemos o mesmo apoio, vos digo com toda a certeza que iríamos ser indicados a prêmios... É verdade! Teria aqui que fazer um relatório completo de toda a peça para que vocês entendam o que quero dizer, mas não tenho tempo. Então, vou dar exemplo de algumas cenas. Acho que a nossa cena onde Beline colocava os travesseiros para acomodar Argon é mais ágil e mais funcional, do ponto de vista da comicidade, não que a deles não seja engraçado, mas a ação é desenvolvida em um tempo muito mais lento, o que funciona bem aqui, já em salvador... Não tenho tanta certeza. Outra cena que destaco como sendo tão boa quanto, ou melhor, é a cena dos Diafoirus. Na verdade, não falo do meu personagem já que eu não tenho a idade dele, mas do personagem de Drummond, pois é uma cena que quase não tem a ver com a outra; Eles, por exemplo, seguiram o texto a risca não pondo e nem tirando uma virgula; já a gente... Mas o interessante foi ver que em nossa montagem o personagem de Thomas Diafoirus ganhava a cena com uma propriedade que o segundo ato, praticamente, se rendia a esse momento. Já na montagem da Comedia Française o personagem, muito engraçado, diga-se de passagem, apresentava uma outra energia. Era uma energia mais pacata, mais submissa, enquanto que a de Drummond em cena era completamente o inverso... Era energia demais que eu chegava a ponto de manda-lo diminuir... Essa percepção do mesmo personagem com energias contrarias foi inesquecível, pois sei que um mesmo personagem pode ser desenvolvido de formas diferentes, mas já com energias diferentes é quase... Impossível... E foi o que aconteceu! A cena de Loison, que Fernanda estava no meu lado, foi lindo ver que os olhos dela brilhavam vendo a cena que outrora ela fazia e fazia muito bem. O impressionante era que a cena era IDENTICA A NOSSA. O que me deixa, de certa forma, orgulhoso dessa nossa montagem. A gente não teve tempo hábil para fazer um trabalho de pesquisa sobre o texto, sobre Molière e por que não sobre a comedié française? E fizemos tudo a partir de nossa intuição de artista. Quero vos dizer que nossa montagem MUITO, MAIS MUITO se assemelha com a montagem de la comedie française que teve tempo para fazer tudo o que nos não tivemos. Então, Nossa montagem, como disse anteriormente, é tão boa quanto à montagem original. Vocês simplesmente arrasaram e eu só sinto um orgulho enorme de vocês nesse momento. Gostaria muito de ser rico e pagar bilhetes de avião para todos, só para vocês poderem comprovar isso que eu estou, muito emocionadamente, dizendo. Juan pode confirma o que estou relatando, pois foi graças ao seu telefonema que pude sentir, o que ele chamou de "a emoção da minha vida", o que assino embaixo. Para encerrar gostaria de convoca-los para a segunda temporada em agosto com Isabela... Vocês já praticamente dominam o espetáculo e seria um desperdício enorme não fazê-lo. Portanto, se organizem e mãos a obra. Quando chegar quero fazer uma nova temporada desse espetáculo refazendo algumas cenas, pois vi que podemos emprestar algumas idéias da montagem original... Então vamos praticamente reensaiar algumas coisas, para fazer uma temporada cobrando ingresso é tudo... Confiem em mim, pois o trabalho já pode ganhar essa dimensão. Espero contar com vocês. Pronto, meu coração já falou o bastante e esta mais aliviado... Ah falta ele dizer outra coisa; Estou morrendo de saudades de vocês... Fiquem na paz e um beijo na alma de cada um.


Fabio Araújo

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